O trânsito cada vez mais caótico em todas as grandes cidades do mundo tem motivado soluções cada vez mais engenhosas por parte de engenheiros e professores ‘Pardais’ de plantão. Com cada vez mais carros e cada vez menos ruas disponíveis para eles dividirem com os pedestres, ciclistas, motos, caminhões, ônibus e outros veículos motorizados, as soluções adotadas são muitas e para todos os gostos: desde o investimento maciço em metrô, trem e ciclovias até a implementação de pedágios urbanos e rodízios de carros baseados no número final da placa. Mas a solução mais radical já aventada por quem quer fugir dos congestionamentos são os carros voadores.
Dois modelos, entre muitos protótipos testados, ganharam notoriedade por se mostrarem tecnicamente viáveis e não apenas conceitos utópicos. São os eles o Terrafugia Transition e o PAL-V. Deixando de lado o estilo pouco harmônico (para falar o mínimo) e a aparente falta de praticidade destes carros voadores em usos mais diversificados, existem sérios problemas que não foram contemplados durante o projeto dessas máquinas. Se na pista de teste tudo parece lindo e maravilhoso, na vida real esses veículos teriam dificuldades para se tornarem, de fato, uma altenativa plausível para o transporte de massa da população.
Esse é o problema da maioria das invenções de hoje: conceitualmente são fantásticas, os donos da idéia ficam imaginando mil aplicações, mas na hora de colocar em prática, o mundo real, com sua recorrente crueldade, mostra que tratar com ele não é para amadores. Para não falarem que é má vontade minha com o carro voador, leia os argumentos abaixo e tirem suas próprias conclusões:
Espaço para decolar
Imagina você, preso num congestionamento em cima de um viaduto e louco para fugir do trânsito parado à sua frente. Agora imagine que você está a bordo de um dos veículos mostrados aqui e essa possibilidade é real… até você descobrir que precisa de centenas de metros de pista livre para levantar vôo. Pois é. Você com o trambolho mais espetacular e acessível para fugir do trânsito, mas não pode usar porque, paradoxo dos paradoxos, está preso num congestionamento e sem espaço algum.
Caos no céu
Digamos que esses carros voadores se tornem acessíveis para uma parcela razoável da população. E agora imaginem o cenário, considerando como o trânsito em terra já é caótico nos dias de hoje. Milhares de pilotos-motoristas nos céus com formação deficiente dando fechadas, não respeitando as mais básicas leis de convivência e matando a si próprios e outros ao menor incidente. Sim, pois ao contrário das batidinhas ocorridas em terra, qualquer problema nos céus já seria sinônimo de desastre.
Pouca praticidade
Os carros voadores tentam ser duas coisas, mas no fim das contas, acabam não se equiparando aos seus pares construídos especificamente para suas funções. Os carros voadores são desajeitados e tem pouco espaço para passageiros e bagagem, além de parecer pouco provável ver uma coisa dessas rodando num piso mais irregular ou mesmo de paralelepípedo. E como aviões, bem, haja coragem para voar com algo tão pequeno e sujeito às alterações do vento, que podem facilmente derrubá-lo.
Enfim, não simpatizo muito com esses carros voadores. Como idéia é até interessante, mas para uso massificado, seria temerário ver um monte desses voando dia e noite sobre nossas cabeças. Mas para aplicações específicas, até dá para enxergar algum futuro nessas invenções. Então, vejamos:
- Policiamento rodoviário
- Fiscalização de grandes obras
- Hobby
Carro voador, quando for acontecer, será algo como o DeLorean: aparência de carro, praticidade de carro, mas flutuando a menos de meio metro do chão, para evitar os buracos, através de levitadores magnéticos ou a jato. Enquanto não inventam um sistema de sustentação avançado como estes, vamos nos divertindo com essas tentativas, que de futuro prático, não tem quase nenhum.
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