Ainda no clima do Carnaval 2012, com suas musas, marchinhas e diversão que sempre caracterizam a maior festa popular do Brasil, me deparei no Vagalume com gente fantasiada que não tem muito a ver com o carnaval. Longe dos batuques e atabaques tipicamente brasileiros, mas ainda dentro do universo musical, encontramos exemplos de cantores e bandas que não dispensam fantasias para interpretar seus sucessos nos palcos e também em clipes. Mais do que uma roupa chamativa ou uma maquiagem mais elaborada, essas fantasias são parte integrante do artista e com o passar do tempo ficam indissociáveis de sua imagem, tal como as músicas por eles cantadas.
Fantasias e máscaras no hit parade
Não sei bem como começou essa história de subir ao palco fantasiado como se estivesse na Marquês de Sapucaí, mas desconfio que a banda de rock americana Kiss seja pioneira no estilo. No Brasil, a banda Secos & Molhados também inovou com seu visual chamativo e provocador, em pleno auge da ditadura militar, nos anos 70. Os motivos alegados para usar fantasias são os mais diversificados: alguns dizem que o visual fantasioso complementa a mensagem das músicas, enquanto que para outros artistas as fantasias são a expressão da necessidade premente de chamar a atenção a qualquer custo. Seja por qual motivo for, listaremos aqui alguns exemplos de cantores e bandas conhecidos não só pela música mas também pelo figurino diferenciado que exibem aonde quer que se encontrem:
Kiss: o rock produzido pelo Kiss é da melhor qualidade e a banda está nas paradas desde os anos 70, apesar das constantes trocas de componentes e acusações partindo de radicais religiosos de pregarem o satanismo e o ocultismo (tem gente ainda achando que KISS significa Knights in Service of Satan ou Cavaleiros a Serviço de Satã, o que não passa de uma grande bobagem). Além dos verdadeiros hinos consagrados pela banda, é marcante nas apresentações do KISS o visual de seus integrantes, com pesadas maquiagens caracterizando cada integrante da banda e roupas que parecem tiradas de um conto de terror.
Lady Gaga: a artista pop adora causar uma polêmica com suas músicas, mas são seus figurinos que chocam a crítica e o público. Afinal, quantas vezes você viu alguém usando uma roupa toda feita de carne? Por essas e outras, Lady Gaga já pode ser considerada mais do que uma simples cantora de música pop: ela virou um personagem que transcende a condição de cantora.
Daft Punk: a dupla de DJ franceses Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo raramente foi flagrada sem suas futurísticas fantasias, que dão um ar ainda mais cyberpunk às usas músicas e apresentações. Talvez o sucesso venha daí: vai que elas sejam feios de doer (ou bonitos, sei lá) e desta forma as pessoas prestam muito mais atenção nas músicas do que neles.
David Bowie: um dos precursores do glam rock e das extravagâncias em cima do palco, o camaleão David Bowie é daqueles que de tanto de fantasiar criou até um personagem: Ziggy Stardust é o tema central de um do mais significativos trabalhos do pop rock em todos os tempos. Como se isso não bastasse, David ainda teve tempo de criar outros personagens exóticos ao longo de sua gloriosa carreira.
Ney Matogrosso: o grande intérprete da MPB e ex-integrante do Secos & Molhados é um artista completo: compõe e canta suas próprias músicas e arremata suas apresentações com um estilo inconfundível, regado a danças sensuais e ousadas. Nada mal para um senhor com mais de 70 anos e que ainda faz shows lotados pelo Brasil.
Slipknot: a banda de rock dos mascarados é outra que curte se fantasiar durante as apresentações. O rock agressivo deles fica ainda mais enérgico com a utilização de máscaras monstruosas por parte de seus integrantes. Esse estilo próprio da banda, até hoje, ninguém ousou imitar.
O que eu acho disso tudo? Tudo e nada. Se é para expressar e fortalecer uma mensagem contida na canção, o fato de fantasiar-se cai muito bem, dependendo do artista. Claro que o exagero, como em qualquer atividade humana, é punida com a alcunha da breguice que pode colar de maneira irremediável no artista para sempre. A pergunta que deve ser feita é: tirando as fantasias, ainda é possível escutar as músicas desse pessoal com o o mesmo sentimento? A resposta vai de cada ouvinte, é claro.
Só para não dizerem que fui injusto, citarei as bandas e cantores infantis, para os quais fantasiar-se é uma necessidade inerente ao ofício:
- Patati e Patatá
- Fofão
- Balão Mágico
- Trem da Alegria
- Bananas de Pijamas
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