Que coisa estranha! Uma imagem que foi veiculada nos jornais, portais e blogs está chamando muito atenção pelo ineditismo da coisa. Eu já tinha lido a notícia, mas a imagem do homem grávido (transexual) eu só vi no EitaPíula!net.

É verdade. E vou explicar. Aconteceu o seguinte: Thomas Beatie é um transexual FtM casado. Transexual FtM é aquele que era mulher e fez a operação de mudança de sexo para virar homem. Fez uma operação para a retirada dos seios e ainda um tratamento de testosterona para mudar o corpo e passar a ter feições mais masculinas, barba, embora ainda tenha os órgãos reprodutores femininos. Pois bem. Ele – antigamente ‘ela’ – tentou várias vezes ficar ‘grávido’. E conseguiu! Com inseminação artificial. Ele será “mãe” de uma menina no segundo semestre deste ano.

Beatie tem aparência totalmente masculina e um buchão de grávida de cinco meses de gestação. Isso me faz lembrar o filme Júnior (1994) com Arnold Schwarzenegger.

O que assusta, no entanto, é que é real. Beatie e Nancy são casados há mais de dez anos sempre sonharam ter um bebê, mas não podia porque Nancy teve uma endometriose há 20 anos e teve que tirar o útero. O caso, naturalmente, virou polêmica na classe médica.

“Os médicos nos discriminaram por suas crenças religiosas. Alguns se recusaram a me chamar pelo meu nome de homem e a reconhecer Nancy como minha mulher. As recepcionistas riam da gente e familiares e amigos nos negaram apoio. Grande parte da família de Nancy não sabia que eu era transexual’, disse Beatie. Chegou ao ponto de o primeiro médico que os atendeu dispensá-los porque a equipe dele não se sentia à vontade. E isso não aconteceu apenas uma vez. É uma no foram nove médicos

“Como um homem grávido se sente? Incrível. Estou estável e seguro de mim como o homem que sou. Tecnicamente, me vejo como um substituto de mim mesmo, embora minha identidade sexual seja de homem. Eu serei o pai; Nancy, a mãe; e seremos uma família”.

ÉTICA MÉDICA e RELIGIÃO

Como sempre aconteceu em toda a história da humanidade, a deturpada ética da medicina somada à religião causa estragos no desenvolvimento da ciência e, porque não dizer, na felicidade das pessoas. Qual é o problema em um casal querer ter um filho nessas condições? Será uma pessoa qualquer outra. Apenas concebida de uma forma diferente das demais até então. Assim como nesse caso, vemos discriminação, preconceito contra homossexuais, contra a pesquisa com células tronco e a lista não tem fim. Precisamos sim ter limites. Experiências com seres humanos – e, cá pra nós, com qualquer ser vivo – precisam ser muito cautelosas. O que Hitler fez, por exemplo, é um absurdo. Mas precisamos manter o limite da ciência por aí. Em defesa da vida e, nesse caso, da felicidade do casal e da criança.