Depois que uma das cópias do quadro ‘O Grito‘, do pintor norueguês Edvard Munchen, foi arrematado pelo valor recorde de 120 milhões de dólares, muita gente questionou a quantia paga por uma obra de arte, por mais representativa e valiosa que ela possa parecer (e elas são, sem sombra de dúvida). Acontece que num país como o Brasil, onde a cultura popular é traduzida por músicas de baixo valor artístico e qualquer tentativa de levar uma arte mais elaborada às massas é vista por intelectualóides como uma tentativa de cegar o povo e não respeitar suas ‘tradições’, é até compreensível a perenidade desse pensamento provinciano e arcaico. Mal sabe esse pessoal que, no mundo das artes, a cifra dos milhões de dólares é constantemente visitada nos leilões quase que diários de quadros que acontecem nas mais sofisticadas casas do ramo pelo mundo.
Arte moderna: só os fortes entendem
O triste dessa história é encontrar pessoas, pelas redes sociais, querendo estabelecer um teto de preço para o quadro ou vomitando a asneira-mor: ‘mimimi, tanta gente passando fome na África e esse pessoal gastando milhões num quadro, mimimi’. Se a educação de verdade fosse algo bem disseminado pelo Brasil, certamente não veríamos tantos comentários rasos desse tipo. É tão complicado entender que uma coisa não exclui outra e é perfeitamente plausível a humanidade lutar contra suas mazelas, sem deixar de apreciar a arte, esta que é, com certeza, a atividade que mais nos diferencia de animais irracionais ou de robôs de linhas de montagem.
Existe preço para obras-primas?
Sem perda de tempo, vamos enumerar os quadros mais caros já vendidos em leilões. É importante diferenciar aqui: existem quadros cujo valor é incalculável, como a Monalisa de Leonardo da Vinci, O Nascimento de Vênus, de Botticelli e A Criação de Adão, de Michelângelo, obras-primas das artes de todos os tempos e impossíveis de se estabelecer um valor monetário. Estamos falando aqui de quadros vendidos em leilões, onde foi possível mensurar o quanto as pessoas estão dispostas a pagar por uma obra única, marcante e famosa, tal como O Grito.
O Grito faz parte de uma série de 4 pinturas do norueguês Edvard Munch, feitas em 1895. A obra expressionista é tão famosa que ganhou várias releituras dentro da cultura pop, equiparando-se em popularidade à Monalisa. Foi arrematado pelo valor recorde de 119,9 milhões de dólares em 2012.
Nu, folhas verdes e busto, do mestre do cubismo Pablo Picasso, foi arrematado em 2010 por 106 milhões de dólares e ocupa o segundo lugar no ranking dos quadros mais caros da história.
Outro Picasso entre os mais valiosos da história. Garçon à la Pipe, de 1905, representa a fase rosa do pintor e foi o primeiro quadro arrematado por mais de 100 milhões de dólares, em 2004. 104,2 millões de dólares, para ser mais exato.
Dora Maar au Chat é outro quadro de Picasso entre os mais valiosos, o que só corrobora a importância do gênio espanhol na história das artes. O quadro de 1941 foi vendido em 2006 por extraordinários 95,2 milhões de dólares.
O Retrato de Adele Bloch-Bauer II, finalizado em 1905, é de autoria de Gustav Klint e foi arrematado por 87,9 milhões de dólares em 2006.
Francis Bacon pintou Triptych, 1976, obra leiloada em 2008 por 86,3 milhões de dólares e tornando-se a única obra do pós-guerra a figurar entre as mais caras já leiloadas até hoje.
Van Gogh, o grande pintor holandês, aparece na lista com seu Retrato de Dr. Gachet, de 1890. Por 82,5 milhões de dólares, ela entra na seleta lista de quadros mais caros do mundo.
Outro mestre integra essa valiosa lista. Claude Monét pintou Le Bassin aux Nymphéas em 1919, quadro que foi arrematado por impressionantes 80,5 milhões de dólares em 2008.
Renoir não poderia ficar de fora. Le Moulin de la Galette, finalizado em 1876, é considerado um marco da arte impressionista e foi vendida, em 2002, por 78,1 milhões de dólares.
Pintura barroca tem vez nessa lista. O Massacre dos Inocentes, de Peter Paul Rubens, arrecadou 76,7 milhões de dólares quando foi leiloada em 2002, tornando-se o quadro mais antigo desta lista: a obra é de 1611.
E pensar que com tanta obra de arte bacana para ver e admirar pelo mundo tenha gente reduzindo esses traços grandiosos a adjetivos como tosco, absurdo e coisas do tipo. É de dar dó o aculturamento do brasileiro médio.
Só tenho uma palavra para dizer após ler esse post: Perfeito!