Classe Média: Max Gonzaga e Banda Marginal

ago 17, 2007 | Sem categoria | 3 Comentários

Uma Belíssima crítica à sociedade brasileira em forma de música. Vale a pena conferir.

Classe Média
Composição:Max Gonzaga

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mais eu “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no “jardins”
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

3 Comentários

  1. Sônia Adarias

    Nada houve de melhor, mais contundente, mais genial do que isto!!!
    Cada vez que o vejo acho melhor, mais grandioso. Por onde anda?…
    Parabéns.
    Sônia

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  2. Luiz Guadagnini

    Sou a nova classe média
    Do telejornal so assisto o futebol
    Eu acredito
    Na imbecilidade de uma confortavel anestesia
    Sou a nova classe média
    Compro roupa e gasolina no cartão
    Não ando mais de coletivos
    E vou de carro que comprei a prestação
    Só pago impostos embutidos
    Estou sempre no limite do meu cheque especial
    Eu viajo de avião, num pacote cvc tri-anual
    Mais eu “to nem ai”
    Se o traficante é quem manda na favela
    Eu não “to nem aqui”
    Se morre gente ou tem enchente em itaquera
    Eu quero é que se exploda a cidade toda
    Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
    Pelo alucinação do pedinte esfomeado que me estende a mão
    O pára-brisa ensaboado
    É camelo, biju com bala
    E as peripécias do artista malabarista do farol
    Mas se o assalto é em moema
    O assassinato é no “jardins”
    A filha do executivo é estuprada até o fim
    Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
    De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
    E eu que sou mal informado acho pouco e não faço passeata
    Enquanto diminui a audiência e a tiragem do jornal
    Porque eu não “to nem ai”
    Se o traficante é quem manda na favela
    Eu não “to nem aqui”
    Se morre gente ou tem enchente em itaquera
    Eu quero é que se exploda a cidade toda
    Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
    Porque é mais fácil ir lá comprar do que parar pra pensar

    Responder
  3. getulio costa

    grande max……
    parabéns,gostei muito….

    Responder

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